A Identidade
Hoje voltei a sentir
o cheiro a mofo
deste local fechado...
algo não está bem...
a manhã escurece a sombra
e noite mata-a...
Depois,
ao outro dia...
Acordo um pouco mais velho
e vejo outra vez a sombra
a sombra do que fui e sou
o que construí caiu...
o que estava em pé
se desmoronou...
e cobriu de pó
o meu espelho...
aonde me via e desejo
sim...o pó...
me fez fechar as janelas...
terei de ir para outro lugar...
Em consciência suspiro
engoli a saliva calado
ao jantar levo alguma comida á boca
depois deito-me com as duvidas
em interrogação
Já tarde e cansado do nada
só e comigo ouvindo
o saltitar dos ponteiros
do meu relógio...
adormeço...
È mais um dia
o tempo marca o passo
hoje outra vez só...
a espera de motivação
de captar uma essência
se torne em mim aptidão
A noite escurece...
a sombra desaparece
e mais um dia em que não esquece
que se envelhece...
A espera cansa e entristece
deixa-me só mais esta noite
sem identidade...rumo
e fragilidade...
o que sou ou faço...
vale algum dinheiro
o tempo que perco
não vale o sacrifício que passo
não paga a fome...
e nisto risco a pele e espero…
ele escorre melhor...
que as lágrimas
da lamentação…
O sangue ensopado é limpo...
o pano sujo queima-se...
enquanto não faz crosta e seca
a mutilação desvia a atenção
Já tarde…
Embebedo-me....e feliz
Acordo esquecido...
levanto-me, abro a janela
forma-se a sombra
mas hoje eu limpo o meu espelho.
Autor:
Tiago Campos