O espelho não reflecte
o meu ser pelos seus actos
mas eu lá estava tal como sou...
com os meus defeitos
Nada havia a fazer...
A vida era feita de distracções
onde tudo vemos,pouco reparamos
e mal interpretamos
presumindo os sentimentos
E recaindo tendenciosamente
em certas percepções
ao que chamo o feitio..
Com amigos e inimigos
numa realidade só minha
havia muito que amar e perdoar
e aprender a ignorar...
Mas era eu no meu tempo...
e no espaço que me coube ocupar
havia um momento, um julgar…
Num lugar que não era um altar
e a culpa teima em não esquecer
surgia a inveja de desculpar
um ser mais culpado que eu
Era de evitar...
Uns pouco sentiam e esqueciam
outros ignoravam e mentiam
era assim que se defendiam
Com pouco coração ou memória
e assim se protegiam sem pensar
no que perdiam e sabiam
A ignorância de outros
era a tranquilidade de muitos
em que cada qual se completava
Curiosamente era fascinante...
Como isso se consegue…
Ser feliz, amar a vida e ter alguém…
Num equilíbrio livre
Que ninguém desconfiava
onde se perdoava mais
que o que se julgava
Todo o defeituoso consciente
que era imperfeito se ria
admitindo...não querendo
ser um pobre diabo
auto-perdoava-se...
Autor:
Tiago Campos
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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
O corpo
O meu corpo
parte dentro do caixão
perdi o controlo...
Levem-no enterrem-no
Levem a imagem do que sou
esqueçam como foi
e que agora fui e não avisei
Seco e branco
não respiro mas sinto
que algo cá ficou esquecido
ou mal agradecido
e agora sisudo
não sinto o rubro…
o escorrer das lágrimas...
que sustentam alma
que já não contentam este ser
paralítico e mudo
desço a terra
larvas, bichos
consomem sem dor
comam este meu
tumor, as feridas abertas
o não perdão e o rancor
cai terra e escurece…
venham e levem, esta pele
esta capa que me prende...
e o preconceito que ninguém entende
tomem conta de mim, desçam
pela história das minhas rugas
ao trauma ao pecado e ao tormento
Depressa, roam o
podre sujo e mudo..
levem o meu transporte...
que me fez andar e nadar
sempre atrás daquilo
que não sabia, a derivar..
cai terra...
deixem-me,
sair fora de mim...
sim, pairar...
ver-me de longe
e pela ultima vez me admirar
levo comigo o enigma
da morte a alma muda…
que em solidão permanece…
cai terra...
a minha boca fechada
não tenta e só pensa…
aonde pára, onde acaba
o que nunca se esquece...
aquilo que nem o tempo apodrece…
Autor:
Tiago Campos
parte dentro do caixão
perdi o controlo...
Levem-no enterrem-no
Levem a imagem do que sou
esqueçam como foi
e que agora fui e não avisei
Seco e branco
não respiro mas sinto
que algo cá ficou esquecido
ou mal agradecido
e agora sisudo
não sinto o rubro…
o escorrer das lágrimas...
que sustentam alma
que já não contentam este ser
paralítico e mudo
desço a terra
larvas, bichos
consomem sem dor
comam este meu
tumor, as feridas abertas
o não perdão e o rancor
cai terra e escurece…
venham e levem, esta pele
esta capa que me prende...
e o preconceito que ninguém entende
tomem conta de mim, desçam
pela história das minhas rugas
ao trauma ao pecado e ao tormento
Depressa, roam o
podre sujo e mudo..
levem o meu transporte...
que me fez andar e nadar
sempre atrás daquilo
que não sabia, a derivar..
cai terra...
deixem-me,
sair fora de mim...
sim, pairar...
ver-me de longe
e pela ultima vez me admirar
levo comigo o enigma
da morte a alma muda…
que em solidão permanece…
cai terra...
a minha boca fechada
não tenta e só pensa…
aonde pára, onde acaba
o que nunca se esquece...
aquilo que nem o tempo apodrece…
Autor:
Tiago Campos
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