O desleixo dos seres
Vejo o desleixo dos seres
que com medo se afastam!
neste meu jardim
sem querer descobri...
sei o que ainda lá está
destapo a pedra
e o sardão acorda assustado
levanto a tampa e
um dos rato sai do esgoto
molhado...
debaixo de algo...
alguém está enfiado...
Por baixo, do vaso, as minhocas
se repelam agitadas
surpreso arrepio-me e largo-o
deixo-me levar pelo vento
que junta o lixo aos cantos...
o que todos largam,
o que não é de ninguém
é das moscas a sujidade
é das formigas o que cai
o que sobra e vai fora...
e sigo andando...
na estrada morre e seca,
ate a pele, o cão, o gato...
feliz a larva que o come
e ainda antes de um destino,
de o sonho e morte de algo
Um peregrino pensa melhor no caminho.
num melhor abrigo...
aonde se escondem essas feridas
como se esquece essas dores
e o que transpiramos por esse peso.
e nós o que nos consome...
o que nós comove...
andando e correndo, espreito
esconderijos das almas
transtornado pelos segredos
eu descubro, como os abrigos
que se escolhem condicionam
um futuro...
e assim corro com stress
como quem foge...
tiro o cigarro...´
fumo e limpo o olho
esquece quem foi
segue na multidão
e atira a beata
como uma má ideia
para o alçapão.
e molhado á chuva
choro, escondo essa razão.
esse amor essa recordação
eu como outro ou qualquer um
pensa em lavar-se
ao chegar a casa e fechar-se...
Que uma cheia arraste,
que os livre do empurrão
e da pressa social
que se mexe sem identidade
que leve os fracos...
os injustos!
que os faça cair de cansaço
nessas ruas da crise, fome
e fracasso em que todos
roubam liberdade e
o nosso espaço
Autor:
Tiago Campos
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